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O trabalho aponta redução no tempo de permanência hospitalar de pacientes com Covid-19 que ingeriram própolis durante a internação
8 fev 2021
Um estudo conduzido em parceria com Apis Flora, Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e Hospital São Rafael, de Salvador, revela que o uso de própolis pode ser útil ao tratamento de pacientes com Covid-19. Produzida pelas abelhas, a própolis contém propriedades antivirais e anti-inflamatórias.
O trabalho Efficacy of propolis as an adjunct treatment for hospitalized COVID-19 patients: a randomized, controlled clinical trial aponta redução no tempo de permanência hospitalar de pacientes com Covid-19 que ingeriram própolis durante a internação. O resultado faz parte do ensaio clínico, que foi liderado pelo pesquisador clínico Marcelo Silveira, da Apis Flora, que contou com 124 participantes do Hospital São Rafael em Salvador (BA). Todos os pacientes fizeram o tratamento padrão, sendo que 40 pessoas receberam 400 mg/dia de própolis; 42 receberam 800 mg/dia de própolis; e 42 não receberam própolis.
“A administração oral da substância foi segura, pois não houve eventos negativos associados ao uso. Além disso, a diminuição do tempo de internação após a intervenção foi significativa. O grupo controle, que não ingeriu própolis, ficou 12 dias hospitalizado após o início do tratamento. Já os grupos que receberam doses mais baixas e mais altas ficaram, respectivamente, 7 e 6 dias internados”, conta o professor David de Jong da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e um dos autores do estudo.
O estudo aponta que o uso da substância pode ser promissor na interferência na expressão de TMPRSS2, uma proteína da superfície celular que está envolvida na entrada e disseminação do SARS-CoV-2 no corpo humano. Além disso, a substância pode interferir na ancoragem do vírus no ACE2, que é uma proteína que auxilia a entrada do vírus nas células.
“Outro ponto importante de destaque na pesquisa é que as propriedades da própolis podem ajudar a reduzir os processos inflamatórios por inibição da PAK1, que está associada a uma maior necessidade de cuidados intensivos e com altas taxas de mortalidade”, conta David.
De acordo com os pesquisadores, o próximo passo será a realização de um ensaio clínico duplo cego com placebo, envolvendo um grupo maior de pacientes. “Também iremos fazer análises de outros parâmetros, incluindo os anticorpos contra o vírus desenvolvidos pelo paciente. Além disso, o conhecimento adquirido através desta pesquisa abre perspectiva do uso do EPP-AF em outras doenças com potencial inflamatório”, revela David, que é professor da FMRP.
Os resultados, publicados como preprint (pré-publicação) em janeiro na MedRxiv, ainda não foram revisados por pares e, por isso, não devem ser usados para orientar a prática clínica. O estudo contou com a autoria de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Instituto D’Or de Pesquisa e Educação (IDOR), Hospital São Rafael e da empresa Apis Flora.
* Com informações da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
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